quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

LIMITAÇÃO DOS DIREITOS

Quem já viveu muitos carnavais como eu, sabe que a paisagem vem se modificando ano após ano. Os camarotes cada vez mais suntuosos e o "pipoca" cada vez com menos espaço. Essa visão mostra que o carnaval na Bahia vem se modificando para se tornar um carnaval de espetáculo, do exercício do ver, privatizado. Brincar atrás do trio é extenuante. Mal se consegue andar, que dirá pular. A racionalização ...do carnaval da Bahia não contempla o povo, pelo menos nisso o Rio, com toda a pompa, se difere porque envolve as comunidades, que durante todo o ano se preparam para o carnaval: passistas, músicos, compositores, costureiras, modistas, enfim, várias atividades que podem ser desenvolvidas por pessoas da comunidade. Aqui as pessoas se esmagam em filas intermináveis para conseguir licença para ter 1m² para a caixa de isopor. Os blocos afros se aproximam mais dessa perspectiva porque os músicos são da comunidade, as deusas e rainhas também são, os compositores, idem, enfim, os blocos afros envolvem mais a comunidade nesse processo de racionalização do carnaval. É disso que falo: precisamos envolver mais as pessoas nas coisas do carnaval, no fazer o carnaval. Será que alguém contrata organizações de bairro para fazer a decoração do carnaval ou dos camarotes? Os abadás não poderiam ser feitos por uma equipe de costureiras de alguma cooperativa? Como fica a responsabilidade social das empresas envolvidas com o carnaval? Caso isso já esteja sendo feito, desconsiderem essa postagem.” Por: Lúcia Leiro

Assim como os pequenos profissionais de bairro estão sendo excluídos da Indústria Carnavalesca, estão também os foliões, que a cada ano vem perdendo seu espaço nas rua de salvador através do crescimento exorbitante dos grandes blocos e gigantescos camarotes espalhados pela cidade.

GREVE da POLÍCIA MILITAR DA BAHIA



A greve da PMBA, refletiu num sério prejuízo econômico ao Estado.

Ruas e praias vazias, mais de 130 homicídios e 300 veículos furtados, perda de faturamento de 50% a 90% por dia no comércio, aulas suspensas, festas e eventos culturais cancelados.

O cenário na Bahia desde que a greve dos policiais militares foi decretada é desolador. No auge da alta estação e às vésperas do Carnaval, o estado tem vivido um momento delicado, com prejuízos para diversos setores e reflexos severos à economia, além dos danos diretos à população.

Os prejuízos não foram calculados, mas a perspectiva é pessimista. Embora os desembarques nos aeroportos baianos tenham crescido nos últimos dez anos, com mais de quatro milhões de passageiros em 2010 e uma movimentação de R$ 5 bilhões (6,56% do PIB baiano), os

especialistas não vêm se mostrando animados. “A Bahia saiu do cenário turístico nacional e internacional”, disse o presidente do conselho administrativo da maior operadora turística do Brasil, a CVC, Guilherme Paulus, durante congresso em novembro de 2011. A greve da PM e a consequente falta de segurança parecem ter contribuído para a queda nos números.

Entre os mais afetados estão os que lidam diretamente com o público, como hotéis e restaurantes. “Pelo andar da carruagem, vão perder pelo menos um terço do faturamento do mês.

No caso dos hotéis, a ocupação vem se mantendo firme nos últimos 20 anos, com taxas de 85% a 95% de ocupação. Este ano, devemos chegar a no máximo 80%”, lamenta o presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de Salvador e Litoral Norte (Sindihotéis), Silvio Pessoa.

fonte: Jornal da Metrópole

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A evolução da liberdade


Ai que vida boa, ô lerê... ai que vida boa ô lará... O estandarte do sanatório geral vai passar...

Mais uma vez a imposição capitalista tem se revelado de maneira mais forte dentro do carnaval baiano, tomando a praça que antes era do povo e a transformando em condomínios fechados (blocos) onde até para estacionar se paga.

Diante da movimentação financeira atraída pelo carnaval dos anos anteriores, o espaço do folião tem passado por transformações ao longo de vários percursos o deixando estreito e inseguro para a folia, as vias privatizadas pelos blocos, os calçadões de igual forma pelos camarotes, restando assim um pedaço de passeio para àqueles que acham que isso é diversão.

Certo está o Chico que lembra de que nessas mesmas ruas sambaram nossos ancestrais ao ponto de sangrarem os pés, parece que ele já sabia o que aconteceria nos dias de hoje e bom seria se ele compusesse nos tempos atuais. De uma coisa eu estou certo, que o povo continuaria dizendo que a vida era boa e sobre o estandarte do sanatório... rs, com certeza ele incluiria a todos.

Vai Passar
Composição: Chico Buarque e Francis Hime

Vai passar nessa avenida um samba popular
Cada paralelepípedo da velha cidade essa noite vai se arrepiar
Ao lembrar que aqui passaram sambas imortais
Que aqui sangraram pelos nossos pés
Que aqui sambaram nossos ancestrais
Num tempo página infeliz da nossa história,
passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações
Dormia a nossa pátria mãe tão distraída
sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações
Seus filhos erravam cegos pelo continente,
levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais
E um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval,
o carnaval, o carnaval
Vai passar, palmas pra ala dos barões famintos
O bloco dos napoleões retintos
e os pigmeus do boulevard
Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade até o dia clarear
Ai que vida boa, ô lerê,
ai que vida boa, ô lará
O estandarte do sanatório geral vai passar
Ai que vida boa, ô lerê,
ai que vida boa, ô lará
O estandarte do sanatório geral... vai passar

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

E Daí... Tô Pagando!



Apesar de a Indústria Cultural ser marcada pelo

consumismo desenfreado, também se revela como uma das fontes de geração de emprego

e renda durante o período junino. Grandes eventos a exemplos do Arraiá

da Capitá e do Camaforró, tem gerado centenas de empregos indiretos durante os festejos, tudo por causa de uma grande infra-estrutura que garante a população desde a simples barraca de cachorro-quente até aos grandes camaro

tes vip’s, eventos estes que já contam até com instalações de caixas eletrônicos de alguns bancos credenciad

os. A Indústria da cultura e a sociedade têm-se entrelaçados em uma relação de perdas e ganhos, tornando assim um ponto de equilíbrio triplo que favorece tanto o proletário que por sua vez lucra com o serviço informal, como a classe burguesa que extrai o seu lucro através da produção e por fim a população que movida por um combustível chamado consumismo, desfruta de um hipotético sentimento de prazer. Como diz Martinho da Vila: “Deixe a vida me levar...”


quarta-feira, 15 de julho de 2009

A Indústria da Cultura Nordestina

Segundo Adorno, na Indústria Cultural, tudo se torna negócio. Seus fins comerciais são realizados por meio de sistemática e programada exploração de bens considerados culturais.Um exemplo disso, dirá ele, é o cinema. O que antes era um mecanismo de lazer, ou seja, uma arte, agora se tornou um meio eficaz de manipulação. Portanto, podemos dizer que a Indústria Cultural traz consigo todos os elementos característicos do mundo industrial moderno e nele exerce um papel especifico, qual seja, o de portadora da ideologia dominante, a qual outorga sentido a todo o sistema. É importante salientar que, para Adorno, o homem, nessa Indústria Cultural, não passa de mero instrumento de trabalho e de consumo, ou seja, objeto. O homem é tão bem manipulado e ideologizado que até mesmo o seu lazer se torna uma extensão do trabalho. Portanto, o homem ganha um coração-máquina. Tudo que ele fará, fará segundo o seu coração-máquina, isto é, segundo a ideologia dominante. A Indústria Cultura, que tem com guia a racionalidade técnica esclarecida, prepara as mentes para um esquematismo que é oferecido pela indústria da cultura – que aparece para os seus usuários como um “conselho de quem entende”. O consumidor não precisa se dar ao trabalho de pensar, é só escolher. É a lógica do clichê. Esquemas prontos que podem ser empregados indiscriminadamente só tendo como única condição a aplicação ao fim a que se destinam. Nada escapa a voracidade da Indústria Cultural.É importante frisar que a grande força da Indústria Cultural se verifica em proporcionar ao homem necessidades. Mas, não aquelas necessidades básicas para se viver dignamente (casa, comida, lazer, educação, e assim por diante) e, sim, as necessidades do sistema vigente (consumir incessantemente). Com isso, o consumidor viverá sempre insatisfeito, querendo, constantemente, consumir e o campo de consumo se torna cada vez maior.

O que antes, a tradição de abrirmos nossas casas com o prazer de ver nossos amigos e parentes degustar das delícias típicas relacionadas a época, hoje, a sociedade migra dos seus lares rumo a festas (shows particulares) em ambientes fechados sob custódia de um capitalismo desenfreado, que se concretiza a partir de um consumismo expresso em nossos dias. Deixa-se o convívio em família para dar espaço a diversão capitalista. Grandes eventos podemos citar, a exemplo do forró do Bosque, do Piu-Piu, Da Mata, dentre inúmeros outros que se espalham em cidades de toda a região nordestina.

A indústria cultural é um assunto bastante polêmico, pois é de uma complexidade enorme que tende querer convergir dois eixos; a Cultura Popular X Cultura de Massa, e que na verdade são dois assuntos bem distintos, apesar da Cultura de Massa se apropriar dos principais aspectos da Cultura popular para criar os seus próprios conceitos.